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Sensei Suga

Nobuo Suga ou Sensei Suga, como seus alunos gostavam de chamá-lo, foi um mestre em essência. O querido sensei formou gerações de faixas pretas, de campeões e, principalmente, gente de bem, honrada, que aprendeu muito sobre bondade, bom humor e vida saudável.


Mestre Suga nasceu no Japão, na cidade de Oita, em 3 de janeiro de 1928, vindo para o Brasil ainda bebê. O pai do sensei era farmacêutico e deixando a profissão em busca de novas oportunidades em território brasileiro, tornou-se lavrador.

Passou por cidades do interior paulista, foi um dos fundadores da Cooperativa Agrícola de Cotia. Em 1941, comprou um sítio em São Bernardo do Campo (em Piraporinha – que, na época, fazia parte do município).

Sensei Suga tornou-se morador de São Bernardo com 13 anos de idade. Um adolescente que já havia mostrado talento como jogador de beisebol e como na época, não havia como praticar este esporte na cidade, Suga começou a praticar judô.

Os primeiros treinos do jovem Suga foram na Vila Conceição, em São Paulo, com o professor Koshizawa, que era faixa preta 3º Dan (grau). Ele ia para academia nos finais de semana. Adorou o esporte.

Durante a semana, o jovem Suga aprimorava golpes de cintura com o levantamento de troncos de árvores no sítio da família. Mestre consagrado, ele ria muito quando contava a cara de espanto que as pessoas faziam quando o viam atirando longe os troncos como se fossem adversários.

Sensei Suga, rapidamente, descobriu que nasceu para o judô (e vice-versa). Ele chegou até a faixa verde com o professor Koshizawa. Depois, passou a treinar com o professor Ryuzo Ogawa, tornando-se shodan (faixa preta 1º grau), aos dezesseis anos de idade.

Em 1951, com 23 anos, mestre Suga despediu-se do Budokan (Academia do Professor Ryuzo Ogawa), para concretizar o sonho de ter a sua própria escola de judô e a partir daí, iniciou a carreira de professor, técnico e árbitro e de grau em grau, atingiu a mais alta graduação do esporte: o 9º Dan.

Mestre Suga também montou e dirigiu uma das melhores equipes de judô que a cidade de São Bernardo já teve. Fez bonito como atleta e professor em muitos dos Jogos Abertos do Interior.

Como juiz, arbitrou torneios nacionais e internacionais (Jogos Panamericanos, Jogos Olímpicos e torneios mundiais). Quando o árbitro Suga sinalizava uma pontuação, uma falta, até o mais leigo dos leigos entendia sua marcação.

Mestre Suga treinou atletas que se destacaram em campeonatos regionais, nacionais e internacionais. Muitas medalhas ganhas pelo Brasil em torneios mundiais foram conquistadas graças a seus ensinamentos.

A academia do mestre Suga está, até hoje, depois de sua morte, com as portas abertas, agora com o nome de Associação de Judô Sensei Suga, sendo tocada por seus discípulos.

Desde os anos 1950, endereços mudaram - e ainda podem mudar -, mas a filosofia do sensei continua sendo ensinada por seus alunos para novas gerações, exatamente como ele ensinava.

Em 1981, sensei Suga recebeu da Prefeitura de São Bernardo a Medalha de Mérito Esportivo e em 2004, finalmente, foi agraciado com o título de Cidadão São-Bernardense.

Sensei Suga ganhou condecorações, medalhas e homenagens de federações, entidades, associações, mas sempre se manteve o mesmo professor humilde, preocupado em ensinar os princípios do judô, da honra e do respeito.

A memória deste grande mestre, que morreu no dia 28 de fevereiro de 2009, precisa ser respeitada, preservada e difundida, por ele ser um exemplo a ser seguido, um orgulho para a cidade de São Bernardo.